13 de março de 2008

Só para marajás

A Índia sempre me pareceu uma terra de muitos contrastes, pior que o Brasil, talvez. Sempre que penso nesse País, as imagens daqueles suntuosos palácios de mármore misturam-se às visões de gente muito magra se banhando às margens do rio Ganges.

Hoje, vi na Folha um bom exemplo de suntuosidade por lá: um trem, para turistas, inspirado nos antigos trens dos marajás. Pelo que oferece, até que a diária de US$ 320 não é tão cara. Fiquei com vontade de conhecer! Quem sabe nas próximas férias! ;)



Trem transforma passageiro em marajá

Fonte: Folha de S. Paulo

"O cliente é nosso deus." Esse é o lema de uma das mais suntuosas excursões que podem ser feitas na Índia, o tour de oito dias a bordo do Deccan Odissey, trem inspirado nas composições dos marajás. Os monarcas indianos, que eram considerados divindades em seus reinos pelo subcontinente, não costumavam viajar em composições comuns.

Tal como o príncipe árabe que comprou um Airbus 380 para seu uso pessoal, os regentes da Índia tinham seus trens particulares no século 19. Hoje, a rede Taj Hotels oferece uma amostra do que era viajar como um verdadeiro marajá. O trem para 70 passageiros tem 45 tripulantes, dispostos a fazer tudo o que o turista pedir. O passeio completo dura oito dias.

Mas as jornadas podem ser puxadas (há dias em que a programação prevê café da manhã antes das 7h). Então, se houver tempo, é mais indicado interromper o tour na metade, desfrutar de alguns dias nas praias de Goa e retomar a viagem na semana seguinte. Além de conhecer alguns dos principais atrativos da Índia, como as cavernas de Ajanta (e seus afrescos budistas do século 3 a.C) e Ellora, o visitante tem a oportunidade de desfrutar de um palácio sobre trilhos. Em cada vagão há quatro quartos, com banheiro privativo, como os de hotéis. O restaurante oferece sempre duas alternativas de menu, um indiano, outro internacional. A preferência dos hóspedes, via de regra, é a segunda opção, que contempla até costeletas de cordeiro e foie gras. Assim, se você preferir as iguarias indianas, é indicado que ocupe o primeiro turno das refeições -como em navios, há revezamento nas mesas.

Sobre os trilhos, o hóspede tem à disposição um salão de beleza e até uma academia. O trem é turístico, mas quem quiser manter contato com o escritório tem acesso à internet na sala dos computadores -mas como a conexão é feita por telefone celular, e a rede indiana tem alguns pontos sem cobertura, é melhor não deixar para fechar negócios de lá. Mas os principais atrativos do trem são os salões onde funcionam o bar e a área de convivência dos hóspedes. A convivência entre os passageiros é encorajada. E os papos sobre as diferenças culturais entre os passageiros costumam ir madrugada adentro. Para o turista brasileiro, que não tem o hábito de viajar de trem, é ainda mais interessante. Pois tudo (tudo mesmo) é uma novidade.

E a profusão de funcionários sempre se preocupa com o conforto do hóspede. Exemplo: depois de o barman conhecer, pelo repórter, a receita de caipiroska, ele ofereceu o drinque, sem ter sido solicitado, na festa de Réveillon. As cidades por que o Deccan Odissey passa também valem a pena. A primeira metade do roteiro percorre praias banhadas pelo mar Arábico. O destaque é Goa, onde estabeleceram-se os portugueses, primeiros europeus a fincarem suas bandeiras em solo indiano. Depois, ao entrar pelo interior, o trem passa por locais de importância histórica. Os dois últimos dias são incríveis.

Em Ellora, há visita a templos esculpidos na montanha, entre os anos de 600 e 1000. Os trabalhadores subiam em um bloco de pedra e o esculpiam de cima para baixo e de dentro para fora, criando cavernas. O destaque é o templo Kailsava, cuja construção demandou a remoção de 200 mil toneladas de rochas. Antes de chegar ao local das cavernas, o tour passa pelo forte de Daulatabad. O local chama atenção pelas inúmeras formas de defesa. O caminho ao cume passa por um fosso (que tinha crocodilos e cobras) com ponte elevadiça, labirinto dentro de caverna e outras formas de prevenção a ataques. Era para ser uma fortaleza inexpugnável, mas foi tomada dos hindus pelos muçulmanos por conta de uma propina.

No último dia, além das cavernas de Ajanta e seus afrescos budistas, o trem passa por Nasik, cidade sagrada do hinduismo e um dos quatro locais onde é celebrado o Kumbh Mela, festival religioso que reúne milhões de peregrinos a cada três anos.

DECCAN ODISSEY
A diária a bordo do trem custa US$ 320, em quarto duplo
www.deccan-odyssey-india.com

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