13 de março de 2008

Critica do filme “12 homens e uma sentença” - por Leo Aguilar

Direção: Sidney Lumet (1957)

Este é mais um filme que, com certeza, não fez sucesso nos Estados Unidos. Lumet conseguiu criar uma obra de profunda analise das mente humana, que mostra reações, preconceitos e estupidez. Realmente um tapa na cara...

O filme relata a história de um garoto de 18 anos acusado de ter assassinado seu pai, com uma faca, depois de uma briga no quarto de casa. O réu vai a julgamento e o filme começa com o juiz pedindo para o Júri, de 12 homens, decidir sobre culpado ou inocente. Eles vão escolher se este vai para a cadeira elétrica ou se este vai ser inocentado.

Esses 12 Homens têm o poder de um verdadeiro DEUS para o garoto. As palavras deles vão decidir se este vai morrer ou se este é inocente. O Júri deve decidir em UNANIMIDADE para o garoto ser eletrocutado ou inocentado. Não há meio termo e não há 11 votos a um.

É tudo ou nada.

Doze homens em uma sala. Eles nunca se viram e não sabem nada um sobre o outro. O presidente do Júri pergunta quem o considera culpado. 11 mãos ao alto. Um homem, interpretado por Henry Fonda, não levanta a mão, ele não o considera culpado. Desde então, surge no filme uma verdadeira batalha de nervos, em que homens com as mais diferentes personalidades e interesses são postos num mesmo lugar, devendo decidir sobre a vida de um ser humano. Uma batalha psicológica construída meticulosamente, de modo tão incrível que é difícil imaginar como foi o processo de criação daquele roteiro, praticamente perfeito.

Os 11 começam a atacar furiosamente, indignados com a sua ousadia contra o grupo. É simplesmente loucura ele querer inocentar um marginal de 18 anos que assassinou seu pai.

Davis (Henry Fonda) começa então uma linda e fantástica batalha verbal, em que tenta mostrar que na verdade não existe verdade absoluta e que pode haver um engano em todo esse processo. O modo como este argumenta e mostra suas idéias de modo organizado é incrível.

Ele é diferente dos 11 outros. Ele é minoria. Ele tenta mostrar os fatos, não se ligar apenas em emoções passadas ou em jogos de baiseball. Este mostra de modo lento e muito bem centrado todos os possíveis argumentos dos outros 11 e os quebra, um a um, fatos, ocasiões, recompondo as cenas do crime e vai montando um verdadeiro quebra-cabeças mental que vai escandalizando e ao mesmo tempo convencendo os outros, um a um, dobrando seus argumentos e mostrando-os que a verdade é uma coisa mais do que paradoxal e como disse Eistein, “Ela é um verdadeiro paradoxo, não existe verdade. Tudo depende do modo como se olha para um determinado fato”.

E os 96 minutos se passam completamente numa sala com uma mesa com 12 cadeiras, um bebedouro e um banheiro. E o mais fantástico é que o filme é tão intenso e pesado no nível de narrativa que não há como não ficar sem piscar e se ver completamente tragado pela trama. Todo o desenvolvimento do filme é lindo, não sendo corrido em nenhum ponto e não sendo entediante em nenhum outro, tudo está ali e nada deve ser mudado.

O filme é uma aula de advocacia. Qualquer um que se interesse ou queira prestar alguma coisa nesse meio deve (é uma obrigação), assistir a esse filme, o modo como são mostrados os detalhes dão um toque especial a narrativa densa.
O filme, 12 Homens e Uma Sentença é um filme clássico, mais do que memorável, inesquecível. É uma verdadeira obra-prima cinematográfica e uma experiência avassaladora.

Site do filme

Ficha técnica
12 Homens e Uma Sentença (12 Angry Men /Twelve Angry Men)
Drama, EUA, 1957
Direção: Sidney Lumet
Elenco: Henry Fonda, Lee J. Cobb, Ed Begley, E.G. Marshall, Jack Warden, Martin Balsam, John Fiedler, Jack Klugman, Ed Binns, Joseph Sweeney, George Voskovec, Robert Webber

24 comentários:

  1. Muito boa crítica!

    Fiquei com vontade de assistir.

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  2. Muito boa crítica!

    Fiquei com vontade de assistir.

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  3. Espetacular a crítica!
    Agora me vejo obrigado a assistir a este filme. :)

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  4. Esse filme é ótimo. Assita sim. Vale a pena. Mas, melhor que esse e deve ser visto, se já não o fez é "O Vento será sua herança". É meu predileto. Já assisti a muito mais de 20 vezes. Perdi a conta.
    Quanto ao banner vou providenciar, ok? Não tem problema se não me incluiu ainda.
    Beijos grandes.

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  5. Oiêe!
    Tem um mimo prá vc no meu blog.
    Beijos.

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  6. sou estudante de direito e fiquei curioso para assistir o filme. a critica é muito boa para quem quer ser criminalista. no meu caso né,

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    1. João tem toda razão, se vai seguir a área criminal o filme ou a peça teatral abrirá muito sua mente no que tange a carreira almejada.
      Particualrmente adorei os dois.
      Um abraço
      Sucesso

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  7. Olá João Santos,
    Agradeço por nosso colaborador Leo Aguilar.
    abs

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  8. Comprei o DVD esperando por um filme classico, e realmente foi um achado. Otimo filme. Otima Critica.
    abs

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  9. O filme é fantástico... Deixa o espectador ligado todo o tempo...

    Seria bom, que filmes deste nível fossem lançados mais frequentemente...

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  10. O Filme é extraordinário. Uma aula de advogacia!

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  11. o filme é um saco, a peste da professora quer uma crítica agumentativa dele,.,, foda-se ela e o garoto de 18 anos blá blá blá

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  12. Esse último anônimo é um daqueles ignorantes que fazem desse páis a m... que é.

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    1. Concordo! E isso é uma pena! Afinal, quem perde é ele.

      Aluguei esse filme para meu marido quando estava cursando direito. De tão bom, acabei comprando para nossa videoteca. Um filme denso e inteligente. Recomendo.

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  13. Se o filme é bom? Imaginem essa cena: dois garotos (10 e 14 anos) assistem, do começo ao fim, um filme em preto-e-branco, com o mesmo cenário, sem tiros e sem efeitos especiais, e ao final querem conversar a respeito do filme. Isso aconteceu aqui em casa. Só uma obra de arte é capaz disso...

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  14. O filme nos remete muito mais do que ver apenas a uma sentença, mas, analisar quão pré- conceituosos e carrascos podemos ser, julgando as pessoas da maneira que somos.
    ( EFS)

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  15. É incrível como o ser humano pode ser egoísta e mesquinho.
    O homem fica estranhamente fascinado com o poder de subjugar o outro.
    Realmente Thomas Hobbes tinha razão.
    Não deixem de assisir o filme.

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  16. O filme é verdadeiramente incrível.

    Para mim, sobressai-se a questão de quão bem fundamentadas estão as nossas (in)certezas. Escrevi um pequeno texto sobre isso, que inclui algumas considerações sobre Filosofia:

    http://filosofismas.wordpress.com/2011/03/01/doze-homens-e-uma-sentenca/

    De qualquer forma, muito boa a crítica.

    Abraços.

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  17. Obrigado...

    É por isso que vale a pena ainda escrever críticas...

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    1. Leandro,
      Pois é. O pessoal gostou bastante da sua crítica.
      Se quiser escrever mais, o espaço está aberto pra você.
      abs

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  18. Dimitri:

    Com certeza... passo elas para o seu e-mail?

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    Respostas
    1. Leandro,
      Pode passar por e-mail que eu publico, ou se quiser, te liberei como autor no blog, assim vc pode postar a vontade. :-)
      Abs

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  19. Legal... Valeu...

    o próximo será Evil Dead. que estréia aqui no Brasil dia 19.

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