4 de setembro de 2008

SOMENTE AOS VERMES! - Poesia de Dimitri Kozma

O podre mundo imundo!

Pode mudar o mordaz?

Em vão você tentar erguer as mãos
e recebe em gratidão a indiferença do irmão

Pessoa que você queria mais que tudo
E presenteia-te com mais dor e sofrimento

Parado num ponto de estagnação e entorpecimento
Jamais percebido não sente a própria dor
Apenas machuca a aquele que a seu lado segue
Sem piedade golpeia-o pesadamente

O sangue pisado tem um gosto adocicado
pus borbulhante que leva a morte
A morte do espírito que outrora ardia
A morte da alma imortal

Indeferença é sua arma mais cortante
Igual ao fino vidro moído
Igual ao fio gélido da lâmina
As chagas que deixa jamais se cicatrizam.

Ignorância e burrice
Bem usadas servem para agredir
Quem pensa em partir
Quem imagina poder quebrar os paradígmas

Um fosso fundo de podridão
víceras encharcadas de maldade
sujeira num mundo abjeto
sob a enfadonha aura de Deus

Praguejando sempre estarão
Humilhando a quem pensam dominar
Seres vis filhos da imbecilidade
Filhos da escrotisse do mundo

Conseguem vencer como sempre
pois o mal sempre vence
sempre
sempre vence

No mundo só há espaço pra um vencedor
tente adivinhar quem será
O único imperador absoluto
O MAL

Me faz Mau
O mal
Me faz Mal
O mau

A dor de um mundo cego e burro
ferve por trás de meus olhos
o peso de um povo sem caráter
cai sobre meus ombros

Depois de tanto ignorar
As lágrimas tentam lavar
Mas parece que é em vão:
A imundice e podridão aumentam

Espíritos inexistentes
Criados apenar para controlar
A alma de quem já é mal.
É só aguardar a deixa.

Um corpo eternamente enlutado
levando consigo seu companheiro
que não merecia e nem queria
receber a dor da ignorância

Anos lado a lado,
Mas por caminhos diferentes
Parece que desmorona
O castelo de areia

Imbecilidade...
Escrotisse...
Mal-Caratismo...
Terror!

A melhor palavra a se descrever:
Terror
Nada mais:
Terror

Dando passos mais largos
Não percebe que caminha para trás
E a chuva de lágrimas lava
Ao clarear os sentidos

Percepção de algo errado
de um mundo imerecido
de um universo errado
da eterna sombra pairando no ar

Mergulhou de cabeça na piscina vazia
e rachou o crânio
permitindo que insetos venenosos entrassem
naquele cérebro esmigalhado

Que venha mais um demônio
lamber os carnegões
pois será apenas mais um
de uma enorme legião

A infinita dor do desprazer
apagada por breves instantes (prazer)
que servem de anestesia
para o infinito que se segue

Auto-flagelação ou cegueira?
Será também que faz parte
daquele numeroso grupo
de fétido estrume?

Amor sem valor
Apenas entende
A linguagem do ouro

Imunidade anunciada
porém ignorada
segue em frente
sangue inocente

Porra derramada
choro dígno
profusão de hormônios?
INACEITÁVEL!

Morra que será melhor
levando do berço
o leite sadio
À vala comum

Enterra a santa
soro caseiro
sorrateiro
Rega a planta
...
Mas de nada adianta
Aviso em vão
santa no altar
e planta no chão

"Senhor de todo o mal
Rogai por nós..."
Roga teu domínio
Sobre a escuridão

Esta manhã já era noite
De tarde o dia não vinha
Sentei ao meio fio
E chorei aguardando

Simples fatos para alguns
pois são burros e cegos
Poucos, sorrateiros,
pedem a luz.

Luz negra
como um breu
reza agora
imaginando que alguém te escuta

Deus?
De quem?
Para quem?
Para quê?

"Escute Deus!" -
Se existisse eu gritaria
Pedindo auxílio
para iluminar essas pessoas!

Um cone na estrada
Fogo no acostamento
pneus rasgados
fumaça á cem metros

Apenas embaixo da terra
num confortável caixão
na companhia dos vermes
haverá descanso

Afinal, qual a diferença entre
os vermes debaixo da terra
e os vermes daqui de cima?

DIMITRI KOZMA
06/11/2000

2 comentários:

Related Posts with Thumbnails
2leep.com