18 de fevereiro de 2008

Urso traiçoeiro

Muito me orgulha a vitória de Tropa de Elite como o melhor filme do Festiva de Berlim. Assisti duas vezes a história do capitão Nascimento e seu bando e simplesmente adorei. Roteiro muito bem escrito, interpretação genial do Wagner Moura, ritmo perfeito.

Entretanto, nosso brilhante cinema está sendo usado, mais uma vez, como instrumento para divulgar nossas piores mazelas pelo mundo...

Por que será que temos sempre que fazer sucesso mostrando a desgraça, a pobreza, a sujeira? Disso eu tenho um pouco de vergonha...

Vejam abaixo a reação de vários jornais pelo mundo:


Jornais reagem com surpresa à premiação

LÁ FORA: A imprensa internacional recebeu com surpresa, e sentimentos mistos, a vitória de Tropa de Elite em Berlim. O New York Times relembrou o filme anterior de José Padilha, Ônibus 174, como um “inteligente documentário” sobre a desigualdade social no Brasil - mas afirmou que Tropa de Elite, “retrato violento” do mundo das drogas no Rio, “narrado do ponto de vista da polícia”, acaba sendo mais uma glorificação do que uma crítica à atuação do Bope.

No Le Monde, o tom foi parecido. O crítico Thomas Sotinel, para quem o filme segue “a receita do neoconservadorismo hollywoodiano”, escreveu ontem que Tropa de Elite faz apologia da tortura e das execuções extrajudiciais, apelando às sensações - e não à reflexão intelectual - das platéias.

O Washington Post analisou a vitória como símbolo do interesse desta edição do festival por temas políticos, mas questionou os “métodos e mensagens” do filme de José Padilha.

Já a alemã Deutsche Welle entendeu a vitória como fruto do interesse crescente na produção latino-americana.

Kirk Honeycutt, do Hollywood Reporter, afirmou que a questão não é exatamente a vitória de Tropa de Elite - para ele, a presença do filme e de outras produções “pouco audaciosas esteticamente” são símbolo da necessidade de reavaliação do festival de Berlim.

A Variety, que publicou uma das mais violentas críticas ao filme, preferiu tratar da divisão entre os críticos alemães sobre a premiação, não sem que seu crítico Jay Weissberg reiterasse sua opinião de que se trata de um filme fascista.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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