6 de fevereiro de 2008

Cotidiano - por: Pamela Jaque

- Nossa! exclamo. Um suspiro. Um sorriso. - O que tudo isto significa?
- Felicidade? É isso. Felicidade.

Continuo dirijindo pelo largo asfalto da marginal. É tarde e não tem trânsito. Acelero e abro a janela para poder sentir o vento soprar no meu rosto. Me sinto viva!

Passo em frente do parque Burle Max. Pena que é noite, mas posso me imaginar numa tarde ensolarada caminhando pelas estreitas trilhas que me mantém perto do cheiro da terra e da melodiosa harmonia cantada pela água que corre por entre as pedras sem pressa de chegar. Ao meu lado te vejo sorrindo. Um aperto de mão, um beijo.

As longas noites sentadas em frente ao computador desaparecem da minha memória. Cansaço, correria, preocupação. Nada disto tem lugar nesse momento encantado. Apenas você e eu. A tarde é toda nossa e o parque também. Te pergunto coisas que nunca perguntei. Seguro a tua mão procurando conhecer a força que nela existe. Mas sem dúvida é na doçura do teu olhar que encontro o sentido. O sentido para explicar aquilo tudo que sinto. Mas é necessário saber o sentido? É necessário entender aquilo tudo que sinto? Quando um dia tudo isto acabar, não são apenas as lembranças que vão ficar. Mas sim uma alma alimentada de sentimentos, de momentos... E e é isso que vou poder oferecer, uma alma limpa, uma mente sadia por ter me permitido viver tudo aquilo que meu coração pediu.

Quando volto a mim mesma, já estou na porta de casa. Aciono o controle do portão da garagem. Estaciono, pego o elevador e vou mentalmente contando os andares que vou subindo. - ...13º, 14º, 15º. Abro os olhos e vejo se a minha contagem conferiu com a do elevador. Mais uma vez terminei primeiro. É engraçado como nunca acerto. Talvés seja essa pressa de chegar que vêm tomando conta de mim nos últimos tempos.

Abro a porta de casa, um cheiro doce de canela invade os meus sentidos. As flores coloridas que coloquei no vaso pela manhã olham para mim e sorriem. De certa forma sinto pena. Arranquei elas da terra e somente terão mais alguns dias de vida. Ainda assim elas me alegram.

Vou até a sacada e percebo como a cidade é grande. Os prédios imponentes, as luzes que brilham, as grandes avenidas. Sempre, em todo lugar, encontramos coisas lindas. É assim quando se está de bem com a vida.

- Nossa! exclamo. Um suspiro. Um sorriso. - O que tudo isto significa?
- Felicidade? É isso. Felicidade.


Pamela Jaque

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