Publiquei este post em 2008, bem no começo da vida do nosso blog Sopa de Cérebro. Como estamos em clima de Copa do Mundo, nada mais justo do que republicá-lo. Pensei até em atualizar o texto, pois existem muito mais coisas a falar sobre esta perda de tempo chamada futebol, ou, de maneira mais genérica: "assistir a alguém fazendo qualquer esporte". No fim das contas desisti, acho que o texto já está ácido o suficiente para que não seja preciso adicionar mais algumas gotas de limonada azeda, pelo menos por enquanto.
A discussão está aberta, concorda? Não concorda? Dê sua opinião sobre o texto à seguir.
Futebol: O Império da Mediocridade - Texto de Dimitri Kozma
Se futebol fosse somente a maior perda de tempo da história talvez eu não estivesse escrevendo este texto. Ele é muito mais que isso. É a constatação do vazio existencial que paira pelo mundo e faz suas vítimas tentarem preencher suas mentes com algo que é mais vazio e oco do que o próprio vazio. Pobreza de espírito.
Não obstante tamanha inutilidade, o “esporte bretão” ainda causa um efeito grotesco e muito saboreado nos tempos modernos: o famoso efeito “chegar ao clímax utilizando a genitália alheia” ou como é popularmente conhecido: “gozar com o pau dos outros”, onde o impotente que assiste a aquela excrescência se projeta num ser provavelmente mais ignorante que ele, e que foi escolhido pelas “mãos de deus” para representar a parcela da população que foi excluída. Mas este indivíduo, por incrível que pareça, é ouvido, mas obviamente não tem nada a dizer. Mais vazio.
É quase que uma redenção: “Pegamos alguns miseráveis, enchemos eles de riquezas e calamos a boca da população mostrando que todos têm oportunidades iguais. É só querer e ter força de vontade.” Quer estratégia melhor para criar gado? É quase um “boi de piranha” às avessas.
Mas isso é só uma parte do processo. O principal é realmente o show business... Criar a necessidade pelo inútil para fazer mais fortuna.
Assistir a um grupo de pessoas fazerem exercícios físicos num evento em que existem apenas três possibilidades: ganhar, perder ou empatar. Perdem centenas de horas da vida assistindo algo que vai levar apenas a três conclusões óbvias. Sempre o óbvio, o bobo. Não há mais variáveis, tons de cinza, apenas o óbvio. É mais fácil assim, não é preciso pensar. Vamos preencher o vazio com mais vazio.
Poderia também discorrer sobre minha absoluta incapacidade de entender o porquê de um indivíduo, aparentemente em plena saúde mental, decidir torcer pelo time “A” e se sentir como parte daquele time, “o MEU time”. Ledo engano, cara pálida! Ele não é SEU! Você é simplesmente uma peça na engrenagem que movimenta essa ridícula histeria imbecil e sem propósito.
Uma pergunta que gostaria muito de saber a resposta: O que VOCÊ ganha se “SEU” time ganhar? Quando fiz esta pergunta a alguns destes pobres seres, a única resposta que proferem é algo como: “Ganho alegria”. Puxa... É uma forma tão triste de ganhar alegria...
Outro dia vi um trecho de um desses programas em que alguns acéfalos discutem sobre futebol e suas idiossincrasias... Senti um enorme constrangimento alheio quando ouvi um dos idosos senis ponderando, com a máxima seriedade, sobre a virilha do jogador Fulano por mais de 10 minutos. 10 MINUTOS FALANDO SOBRE UMA VIRILHA!!!! A FAMOSA VIRILHA EM REDE NACIONAL!!!!
Fico triste em ver tantas oportunidades sendo perdidas, tanto tempo valioso que poderia ser aproveitado com coisas realmente interessantes (nem entro no mérito da importância para a humanidade ou cultura para as massas, pois estou falando de entretenimento simples e puro). Porque perder tanto tempo com isso? Porque gerar tanta discussão sobre um assunto tão idiota?
Infelizmente isto não é privilégio só do Brasil. Assistir a entediante prática de uma pessoa se exercitar é um costume mundial e nada vai mudar isso... Só queria entender qual é o objetivo dessa atitude. O que se leva disso tudo? Onde está a diversão?
Mas isso tudo que escrevi acima não importa. Desculpem-me quem leu até aqui tamanha ofensa. O que importa é saber se o “Curíntia” ganhou ou se empatou com o “Parmera”.
Dimitri Kozma – 25/02/2008
Gostei muito do ponto de vista colocado no texto. De fato o futebol e os esportes em geral é uma forma de alienação que nada acrescenta na bagagem cultural de um individuo. Mas as pessoas estão anestesiadas demais para perceber que o cidadão que ganha milhões chutando uma bola e desfilando com sua nova chuteira amarela flosflorescente não está nem aí com o torcedor que grita que chora ou faz uma tatuagem com o símbolo do time bem no meio do peito, para ficar bem aparente. O que mais me deixa perplexa é a ignorância das pessoas em achar que é legal países como a África e o Brasil sediar a copa, sendo gasto milhões em reforma de estádios para receber gringos como se não houvesse mais nada para investir, ou seja, com o perdão da palavra;
ResponderExcluir“Foda-se a educação, foda-se a saúde, foda-se os miseráveis que não tem nada pra comer, foda-se tudo; eu quero mais é comprar a camisa original do meu querido time e torcer para que meu jogador preferido, aquele da camisa dez, consiga mais um título para meu timão campeão, assim finalmente poderei voltar para minha vidinha pacata e medíocre.” É repugnante, mais é a realidade.
Dani,
ResponderExcluirÉ ótimo saber que existem mais pessoas que compartilham do mesmo ponto de vista.
Seu texto é a perfeita complementação do meu.
Acho importante manter esta idéia viva, não sei se vai adiantar para abrir os olhos dos medíocres, que ficaram cegos pela lavagem cerebral da mídia, mas pelo menos fazemos nossa parte tentando...
Obrigado por seu comentário. :-)
Pois é Dimitri, eu acredito que são poucas, quase raras as pessoas que compartilham da mesma idéia. Mas é bacana pensar que estamos "fora da bolha", que não somos inflamados com a falácia da mídia. Mas de fato é revoltante, pois particularmente falando, há uma sede insaciável de querer mudar as coisas, mas como já dizia Shakespeare, “Não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam.”
ResponderExcluirDanielle,
ResponderExcluirInfelizmente acho difícil mudar. As pessoas já tem as opiniões pré-concebidas e, por mais que tentemos mostrar o outro lado, propor uma reflexão, de nada vai adiantar.
Mas pelo menos fazemos nossa parte em tentar mostrar uma outra visão.
Infelizmente, pela morna recepção deste post, sinto que é em vão...
E vamos lá! Vamos nos preocupar se algumas pessoas nascidas no Brasil colocam uma bola entre duas traves...