O blog do FizTV destacou hoje nossa animação Junior. Com o interessante título "O que o pai estava lendo?", o Sr. Noir, responsável pelo site, publicou um texto recomendando nossas animações.
Já sabe, né? Entre lá, comente e vote. ;)
O texto:
O que o pai estava lendo?
por: Sr. Noir
Pra abrir os olhos neste início de quarta-feira, nada como o peculiar humor das animações do Dimitri. Opa!
Recomendo também (sempre!) outra animação do cara. Cuidado com o Loverboy!
Arruia!
23 de julho de 2008
Animação JUNIOR em destaque no FizTV
Seções: Animação, Dicas e Links, Dimitri Kozma, humor, variedades, video
CULPA - Conto de Dimitri Kozma
Os olhos de Raul cintilavam quando viu o carro novo que seu primo Sérgio acabara de comprar estacionado na frente de sua casa. Era um modelo importado, do ano, com todos os opcionais possíveis e um pouco mais. Bancos de couro, ar condicionado, vidro elétrico e um motor poderosíssimo, algo raro naquela cidadezinha no interior do estado, afastada de tudo, em que todos se conheciam.
- Cara! Que máquina!
Saindo do carro, o primo Sérgio recosta-se sobre o capô e diz:
- Meu pai me deu. Acabei de ganhar, o que achou?
Raul enfia a cabeça pelo vidro, fita o painel e faz o comentário um pouco melancólico:
- Meu sonho era ter um carro desses.
Sua paixão sempre fora carros, mas seu pai, que não era rico mas tinha uma posição social razoável, nunca o presenteou com um, por achar o jovem Raul impetuoso demais. Era um garoto obeso com a pele repleta de espinhas pustulentas, acabara de fazer dezoito anos mas vivia num mundo de futilidades. Gostava de festas que duravam até altas horas da madrugada, raros eram os dias em que Raul não saía de casa a noite, que geralmente era regada a bebedeiras homéricas.
Seu primo Sérgio, filho da irmã de seu pai sempre fora mais abastado, recebera uma educação privilegiada de seus pais, estudando no exterior por cinco anos, rapaz franzino, cabelos ralos, nariz proeminente, sempre fizera sucesso com as mulheres não por seus dotes físicos, muito menos pelos intelectuais. Sérgio tinha um vocabulário limitado, era quase uma pessoa monossilábica, gostava de se vangloriar dos bens que ganhava de seu pai, um banqueiro podre de rico.
- Vamos dar uma volta? – pergunta Sérgio, já entrando novamente no carro.
- É claro! Pisa fundo! – Raul abre a porta e senta seu imenso corpo no banco do passageiro.
O carro chega a uma estrada nada movimentada, Sérgio pisa fundo no acelerador e o carro voa baixo. Raul liga o som no último volume, um “bate estaca” dance que perfura os seus tímpanos. O motor ronca como se pedisse mais velocidade, o velocímetro marca cento e cinqüenta quilômetros por hora, Raul olha o marcador e grita:
- Corre mais, Sérgio! Vamos ver até onde chega essa máquina!
Um lampejo de responsabilidade permeia em sua cabeça e Sérgio diz:
- Chega, Raul, já corremos demais por hoje, vou te deixar em casa.
- Porra, deixa de ser frouxo.
Abaixando um pouco o som, Sérgio diz:
- Na boa, Raul, é melhor a gente parar, é perigoso.
Um pouco contrariado, Raul finaliza o assunto:
- Tá certo, tá certo.
No caminho inteiro de volta, Raul não disse uma palavra, emburrou como uma criancinha mimada. Quando Sérgio estaciona na porta da casa do primo, finalmente Raul diz:
- Tem um puta carrão desses e não aproveita. Você é um babaca, Sérgio.
Já conhecendo a impetuosidade do primo, ele não se altera, apenas diz:
- Tá! Babaca, mas vivo! Agora desce que eu vou prá casa.
- Beleza!
Abre a porta e sai furiosamente, bate e tenta mais uma cartada:
- Vai na festa hoje?
Sérgio olha e diz:
- Festa? Onde?
Abrindo um meio sorriso, Raul fala:
- Vai ter uma festa no sítio do Sandro, sabe onde é?
Empolgado, Sérgio indaga:
- Não, onde fica?
- Fica a uns cento e vinte quilômetros daqui. O cara comprou mais de quarenta litros de chope, tá a fim?
- Claro! Que horas eu passo aqui?
- Aparece lá pelas oito!
Marcado o encontro, Sérgio parte para casa, vai dar um cochilo antes da grande noite.
¤
Pontualmente oito horas a buzina toca na frente da casa de Raul, que sai vestindo uma roupa no mínimo estranha, bermuda xadrez enorme, camiseta estampada uma banda de rock americana e um boné desbotado, entra no carro e vai dizendo:
- Preparado prá uma grande noite, Sérgio?
Titubeando, Sérgio diz:
- Raul... Eu não sei se estou a fim de ir...
Desaprovando, Raul é grave:
- O quê? Você combina uma coisa e quer desistir? Pode parar! A gente vai nessa merda, tá ouvindo?
Tenta se justificar:
- É que... Eu não tô muito bem, minha cabeça tá doendo...
- Vamos tomar uma que melhora. Agora vai, Sérgio, vamos embora.
Desistindo de dissuadir Raul, Sérgio liga o carro e parte para a estrada.
A viagem segue rápida, Sérgio pisa fundo, tentando chegar logo em seu destino, Raul não fala muito, apenas ouve aquela música estridente que toca no rádio.
Chegando ao sítio, estacionam numa grande área de terra, haviam mais dois carros lá, andam um pouco a pé e chegam até o galpão em que está acontecendo a tão falada festa.
Apenas cinco garotos, todos já embriagados naquele grande lugar sujo e mal cheiroso, o chão está repleto de feno, um forte odor de urina permeia pelo ar, Raul chega animado:
- Fala moçada! Tudo beleza? Trouxe meu primo, o cara tá meio mal, mas depois de tomar umas ele melhora.
Um rapaz que estava jogado no chão, ao lado do barril de chope, olhos turvos e ar desengonçado, diz:
- É isso aí, toma uma que melhora.
Sérgio olha para os lados, está meio sem jeito, olha então para a cara de seu primo, que já tem um copo na mão, não diz nada até que Raul o oferece o copo cheio, Sérgio tenta declinar a oferta, mas Raul insiste, meio receoso, ele dá um gole.
- É isso aí, primão! A noite é nossa!
- Raul, não posso beber muito, eu tô dirigindo...
- Relaxa, cara, daqui a pouco deve chegar a mulherada, aí você vai esquecer da vida. – Diz Raul, enquanto pega um copo para si.
Sérgio olha e se anima um pouco, começa a beber em goles modestos, mas minutos depois já enxugara quatro copos. Suas pernas já estão bambas quando pergunta ao primo Raul:
- Cara, eu tô meio tonto, acho melhor parar.
- Que mané parar? Toma mais uma que melhora, vai.
As horas voam rapidamente e, por volta das onze horas, surge mais um garoto, olhos azuis, cabelos loiros e porte atlético, trazendo três mulheres, horrorosas, aparentam não ser muito novas, Raul grita:
- Grande Vagnão! E aí, conseguiu as minas?
- Tão aqui, e essas são da boa, demorei porque tive que esperar elas saírem do trabalho, sabe como é que é... Hoje tinha um monte de clientes... E eu tive que pagar bem... Vamos rachar a conta, quem vai querer abater?
Sérgio não podia ver direito, já tomara vários copos e não conseguia mais concatenar seus pensamentos, apenas deduzira que aquelas eram prostitutas que foram contratadas para a festa, recosta-se em uma parede e fica ali, apenas assistindo a orgia que se segue, fecha os olhos e vê tudo girar, estrelas pipocam em seus olhos que já não podem enxergar nitidamente. Finalmente senta-se no chão e vomita, duas golfadas apenas são suficientes para esvaziar seu estômago, recosta a cabeça na parede e adormece.
Não foi possível precisar quanto tempo havia se passado quando Sérgio é acordado por Raul, que balança seu ombro insistentemente:
- Sérgio, vamos! Está na hora.
Ele abre os olhos vagarosamente, mas fecha logo em seguida, estão pregados. Vagnão diz:
- É Raul... Parece que seu primo já era, não vai acordar tão cedo, não.
Com um sorriso no rosto, mas fingindo indignação, ele fala:
- Tô vendo tudo... Tô achando que eu é que vou ter que voltar dirigindo...
- Você é sacana, mesmo, heim, Raul? O que não faz prá dirigir um carro...
- Já viu o carro dele? É um modelo importado, última geração... Lindo! – Fala, empolgando-se.
- Você é um cara de sorte, heim!
Raul abaixa-se e diz ao primo:
- Sérgio, me dá a chave, você não pode dirigir assim.
Sem entender o que Raul dizia, Sérgio não responde, o primo insiste:
- Cara! A chave do carro!
Deita-se mais, podia ouvir a voz do primo, mas não conseguia ter nenhuma reação, Raul enfia a mão no bolso de Sérgio e pega a chave que repousava ali, ainda estava suja de vomito, mas ele ignora esse detalhe e diz a Vagnão:
- Tá a fim de ir com a gente? Você não imagina como esse carro voa.
Declina o convite:
- Eu queria ir, mas vou ter que levar as minas para casa, eu prometi prá elas...
- Beleza, você não sabe o que vai perder...
Vagnão ajuda Raul a levar Sérgio desacordado até o carro, deitam o banco do passageiro e recostam o rapaz inerte.
- Valeu Vagnão! Deixa eu ir queimando estrada.
- Você tá bem, Raul? Se quiser pode dormir aqui.
- Claro que eu tô bem. Só um pouco tonto, mas tô perfeito, tenho total controle das minhas ações.
- Vai com calma, heim!
Despedem-se e o carro parte, Raul segura o volante fortemente com as duas mãos, não tinha muita experiência na direção, apenas manobrara umas poucas vezes o carro do pai ao colocá-lo na garagem de casa. O sono não demora muito para vir, e Raul dá uma piscada um pouco mais demorada, acorda assustado. Olha para o lado e seu primo dorme calmamente, deitado no banco inclinado.
Com medo de pegar no sono novamente, Raul liga o rádio e aumenta o volume do som, começa a cantar em voz alta, tentando espantar o sono que chega furioso. Pouco a pouco, aquelas batidas contínuas da música começam a formar uma espécie de torpor hipnótico que faz com que os sentidos, que já estão bastante confusos, se alterem cada vez mais.
Dá uma piscada forte e bate na cabeça com uma mão como se tentasse despertar-se dos braços de Morpheu, que parecia querer levá-lo. A estrada segue numa rotina invariável, as mesmas paisagens, as mesmas árvores, olha o relógio do carro: quatro horas na madrugada. Ainda falta muito para chegar, os sentidos ficam cada vez mais comprometidos, furiosamente Raul esfrega os olhos, que estão vermelhos. Cada vez mais seu corpo pede uma trégua, seus olhos parecem pesados, começa a piscar sem parar, sua concentração vai sumindo, sumindo, vez ou outra ele desperta pelo barulho de um caminhão que cruza em sentido oposto, mas pouco depois o sono volta mais forte ainda.
Às quatro horas e vinte e dois minutos, seus olhos finalmente se fecham.
¤
Tudo está escuro quando Raul ouve vozes:
- Olhem, parece que ele está recobrando os sentidos.
- O globo ocular está se movendo.
- A pressão parece normal...
As palavras parecem embaralhadas em sua mente, finalmente ele consegue abrir os olhos. A visão é turva, apenas vultos se deslocam em sua volta. Uma sombra surge bloqueando sua visão:
- Raul... Você está bem?
- Sérgio?
Um silêncio instantâneo impera no lugar, novamente Raul diz:
- É você? Sérgio?
Mais silêncio, a visão de Raul começa a clarear-se e ele pode ver um pouco mais nitidamente as formas em sua frente. Um homem velho, óculos grossos, trajando um branco impecável. Ao fundo uma mulher de nariz proeminente, cabelos cacheados e uma toca branca. Nenhum dos dois fala nada, apenas se olham. Em sua volta, percebe que está num quarto branco, absurdamente limpo. Raul pergunta:
- O que aconteceu? Onde está Sérgio?
O homem finalmente diz:
- Raul, Você sofreu um acidente gravíssimo, o carro bateu de frente com um caminhão que vinha ao contrário. Não sobrou muita coisa.
Os olhos de Raul se arregalam, já temendo o pior, indaga:
- E... Sérgio?
Num sopro de voz, o médico diz:
- Faleceu...
Um choque percorre a espinha de Raul, que fica paralisado de terror, no início não consegue acreditar, mas aos poucos vai se lembrando dos fatos que se deram naquela trágica noite. Vai se lembrando de tudo que aconteceu e começa a chorar desvairadamente:
- Meu Deus! Fui eu! Fui eu o culpado! Eu matei meu primo!
O médico tenta mantê-lo calmo:
- Acalme-se Raul, infelizmente nada pode ser feito.
Mas o jovem começa a chacoalhar seu corpanzil no leito, gritando cada vez mais, desesperado, mas quando tenta se levantar, num ímpeto de sair correndo em disparada, percebe que não sente mais o peso das pernas. Não consegue movê-las mais, um ardor intermitente o persegue. Estica o olhar por sobre a enorme barriga e percebe que suas pernas foram amputadas.
Histericamente começa a gritar como um louco, surra a cabeça violentamente com fortes socos, o médico grita para a enfermeira, enquanto tenta segurar seus braços:
- Chame reforço!
A enfermeira sai correndo e momentos depois chega com mais dois funcionários que ajudam o médico a segurar os braços de Raul, que grita irascível, como um leão furioso. Uma injeção é aplicada em suas veias e momentos depois ele adormece.
(... continua - não perca o final da história em breve!)
Michael Jackson's "Thriller" com LEGO!
Veja o vídeo clipe de Michael Jackson, "Thriller", refeito com peças de Lego. UM tanto quanto tosco...
Seções: Animação, Música, variedades, video
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