Com uma interface digital chamada Engrenagem, o diretor troca a ordem das cenas e opta por diferentes montagens, de acordo com a reação do público.
O filme foi apresentado no Festival de Cinema do Rio 2008, no início do mês. Mas apenas metade das imagens gravadas foi vista pelo público; a outra metade está guardada para as edições futuras, que nunca serão iguais à versão anterior.
"Queria ficar visível para o público, como um DJ", diz Vianna. "Ressaca" conta a história de uma família nos anos 80, imersa em inflação alta, pacotes econômicos e mudanças de moeda.
A Engrenagem, para edição de filmes ao vivo, foi desenvolvida com apoio do centro de artes Hangar, em Barcelona, pela espanhola Maíra Sala, na Universidade Pompeu Fabra. Teve a colaboração da equipe que criou a Reactable, interface de síntese musical que pôde ser vista em São Paulo no Campus Party, em fevereiro.
O hardware da Engrenagem é uma tela tátil. Uma placa de acrílico, com um metro de diâmetro, fica pendurada ao lado da telona, para que a platéia veja o processo de edição. A imagem é projetada nessa superfície, e uma câmera, por meio de infravermelho, detecta os toques dos dedos do diretor ao arrastar as imagens.
"Cafuné", um outro longa de Vianna, pôde ser editado pelas pessoas na internet. Ambos têm licenças CreativeCommons (para cópia e distribuição sem custo).
Vídeo mostra a Engrenagem em operação:
Fonte:VERÔNICA COUTO colaboração para a Folha de S.Paulo