30 de julho de 2008

Frase do dia

“Milagre: um acontecimento descrito por aqueles que souberam dele por gente que não o viu.”
Elbert Green Hubbard

Site de encontros para zumbis

Realmente as pessoas não tem mais o que inventar...

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Porto dos Mortos - Beyond The Grave - Trailer

Filme de zumbi brasileiro. Não botava muita fé, mas depois de ver a qualidade do trailer, mudei de idéia...

Alice Dream (LSD) / Stopmotion

Trabalho acadêmico realizado no 6° perído do curso de Design Gráfico (Desenho Industrial) da PUCPR.
Tema escolhido pela equipe: viagem de LSD. Alice: Clara MacCord.
Disciplina: Teoria da Comunicação IV. Professora: Miriam.
Equipe: Ciro MacCord, Lewy Caron e Vanessa Ponchek.

Junior - Animação Dimitri Kozma - 1998

Animação de humor negro antiga, que fiz em 1998 para testar o programa Macromedia Director (na época não existia o Flash :-P ).
Faz parte do acervo de "velharias" que estou disponibilizando. Não é nenhuma maravilha, mas dá pro gasto...


CULPA - Parte Final - Conto de Dimitri Kozma

(conclusão da história postada em 23/07)


No dia seguinte, quando recobra os sentidos novamente, seus pais estão no quarto apreensivos, sua mãe, Vera, uma senhora triste e amargurada com um corpo frágil e olhar piedoso, apenas chora em silêncio. O pai, Saulo, um velho gordo com as calças acima da barriga, bigode grisalho e barba por fazer olha o filho num misto de piedade e ódio.

- Pai... Mãe... – Balbucia Raul, temeroso e ao mesmo tempo sofrido.
O velho Saulo solta um olhar de ódio para cima do filho aleijado e grita:
- Você é um assassino! Matou seu primo! Você é um assassino!
As lágrimas escorrem do rosto repleto de hematomas do jovem, mas seu pai parece não ter a mínima piedade, continua a falar enraivecido:
- Matou! Você não merecia viver! Você é um porco maldito! Assassino! Isso que aconteceu com você não chega nem perto do que você merecia!
Dona Vera toma as dores do filho:
- Para Saulo! Para! – Vira-se para o filho e diz: - Não liga pro seu pai não, Raul. Ele está nervoso, ficou preocupado com você!
O pai interrompe:
- Preocupado? Com esse assassino? Eu quero que ele morra!
Vera grita:
- Cala a boca!
Mas Raul sentencia-se:
- Mãe... É verdade, o pai tem razão. Eu sou um assassino, mereço sofrer prá sempre. A culpa foi toda minha.
Colocando ternamente a mão sobre a testa do filho, Vera diz:
- Não fale assim, filho...
- É verdade, mãe! Eu matei Sérgio! A culpa foi toda minha, ele não queria sair naquela noite, eu insisti... Não queria beber, eu o obriguei, depois disso eu peguei o carro aproveitando que ele tava bêbado. A culpa foi toda minha.

Batendo a mão na parede, o truculento Saulo grita:
- Eu sabia! Sabia que a culpa tinha sido sua! Você é o demônio, você é o mal! Você é um maldito assassino!
Para por um instante, tenta disfarçar as lágrimas que começam a escorrer pelo rosto sofrido e continua:
- Ontem enterramos Sérgio, seus tios estão tão transtornados que não conseguem mais nem pensar direito! Sabe como o corpo dele ficou? Sabe?
Raul apenas olha, Saulo responde a pergunta que ele mesmo fizera:
- Ficou em pedacinhos, estraçalhado, uma massa de carne, tivemos que fazer o velório com o caixão fechado!
Vera intercede:
- Para Saulo! Para! Por favor!
Vira-se para a esposa e grosseiramente responde:
- Cala a boca você, sua velha! Cala a boca! Esse moleque vai ter que ouvir!
Aproxima-se do rosto do filho, que está vermelho de tanto chorar e continua:
- Minha irmã... sua tia... Queria matar você, ela queria vir aqui no hospital prá te matar enquanto tava desacordado, sabia? Seu tio... Teve um derrame assim que soube do que tinha acontecido. Tá internado, com a cara toda torta, não fala mais. O médico disse que corre risco de vida. Você pode imaginar como eles estão sofrendo? Pode?
O choro do garoto começa a se intensificar enquanto Saulo continua:
- E pode imaginar o quanto nós estamos sofrendo por ter-mos um filho assassino? Um maldito assassino que nunca fez nada na vida! Um maldito assassino!!!!
O pai fecha o punho de fronte ao rosto de Raul, mas segura o ímpeto de socá-lo. Vera, que chorava sem parar no canto do quarto, aproxima-se de Saulo histérica e agarra seu braço:
- Para Saulo! Para! Você tá piorando as coisas! Para!
Mas leva um soco que a joga no chão, permanecendo ali, caída, Vera ajoelha-se e começa a rezar, um filete de sangue escorre de seu nariz, mas ela ignora e continua a sua prece.
Saulo continua a gritar com o filho:
- Que castigo você acha que merece? Que castigo você acha que um assassino merece? Você acha que apenas perdendo as pernas é suficiente prá compensar o que você fez ao seu primo? Acha?
Num sopro de voz, Raul responde:
- Não...
Saulo cruza os braços e dá um meio sorriso:
- Pois é! Ainda bem que reconhece, ainda bem que percebe que o que fez jamais vai ter perdão!
Neste momento a porta se abre, é uma enfermeira trazendo medicamentos, quando vê a cena grotesca diante de seus olhos, pede delicadamente para que Saulo e Vera se retirem, mas Saulo é ignorante:
- Vá a merda! Sou eu que tô pagando essa porra prá esse assassino! Eu tenho o direito de ficar aqui quanto tempo quiser, tá ouvindo? Quanto tempo quiser! Agora sai daqui, esse moleque não vai mais tomar remédio nenhum!
A enfermeira, sem jeito insiste:
- Mas senhor, esses remédios são para diminuir a dor da amputação e facilitar a cicatrização...
Com um tapa na mão da pobre funcionária, que derrubam todas as pílulas no chão, Saulo grita:
- Foda-se! Ele não vai mais tomar essa merda! Não vai mais tomar remédio nenhum, tá ouvindo? Remédio nenhum! Eu quero ver esse assassino sofrer!
Afastando-se, temendo ser agredida, a enfermeira diz:
- Pode acontecer uma infecção...
Com o dedo em riste Saulo berra:
- Sai daqui!
Ela olha por um instante e sai correndo pela porta, o velho continua:
- Agora eu quero ver, seu moleque, quero ver você sofrer até morrer!

Um riso esganiçado e patético ecoa pelo quarto. Vera permanece ali, rezando desvairadamente enquanto Raul chora com as mãos no rosto.
Menos de um minuto depois chegam dois enfermeiros afobados, um vai logo dizendo:
- Senhor, por favor, queira nos acompanhar...
- Não vou! Eu pago essa merda!
Eles se aproximam e seguram sem muita força o braço de Saulo, que muda de idéia:
- Tá certo, tá certo! Eu vou embora, mas não quero que dêem remédio pra esse assassino, tá ouvindo? Vocês sabem que ele é um assassino? Sabem?
Vai saindo do quarto, dona Vera permanece ali ajoelhada no chão até a porta se fechar, só então se levanta e vai em direção ao filho, passa a mão em sua cabeça:
- Não liga pro seu pai, não, Raul. Ele gosta de você, só está um pouco nervoso...
Dá um beijo na testa do filho, que está soando abundantemente, Raul faz uma observação:
- Ele tem razão, mãe, eu sou um assassino, a culpa é toda minha...
- Tire esses pensamentos bobos da cabeça, filho, por favor, a culpa não é toda sua...
- Não é toda minha? Até você, mãe, até você tá me crucificando...
Dona Vera disfarça:
- Não... Eu não quis dizer isso, não queria dizer...
- Mãe, todo mundo sabe que a culpa foi minha, que eu sou um assassino, não posso fazer nada, matei meu primo, mas dava minha vida prá ter ele de volta...
Sua mãe perde a postura:
- É muito fácil falar isso, né Raul? É fácil falar que dava a vida, mas é o Sérgio que tá embaixo da terra, e você tá aqui, comendo e dormindo, como sempre quis viver!
As lágrimas brotam novamente em Raul, espantado ele apenas vocifera:
- Mãe...
- Oh! Desculpe... Não queria dizer isso...
Dona Vera sai do quarto transtornada, Raul passa o resto do dia sozinho, chorando. Em sua mente, apenas uma palavra persiste: “Assassino”, repetida indefinidas vezes.

¤

De madrugada, Raul acorda com fortes dores em suas pernas, parece que os músculos estão todos se repuxando, uma dor tão profunda, tão grotesca, invade seu âmago, seu corpo começa a saltitar na cama de tanta dor, os gritos percorrem o corredor inteiro do pequeno hospital da cidadezinha.

Um enfermeiro chega, não muito apressado e acende a luz:
- O que aconteceu?
Gritando em devaneios, Raul consegue dizer:
- Minhas pernas! Doem! Meu corpo todo... Dói!
Mantendo uma naturalidade absurda diante daquela situação, o enfermeiro diz:
- O efeito dos analgésicos passou. Infelizmente não posso dar mais. Seu pai nos pediu. E pagou muito bem por isso.
Enquanto se contorce de dor em seu leito, Raul ainda pode ouvir o enfermeiro falando enquanto apagava a luz:
- Ah! Outra coisa, dava pra fazer um pouco menos de barulho? É tarde da noite e tem muita gente querendo dormir nesse hospital. Obrigado.
A porta se fecha e Raul permanece se debatendo na escuridão.

¤

O tempo passa, depois de meses sofrendo como um cão vira-latas, Raul finalmente recebe alta do hospital, as dores cessaram e os membros amputados se cicatrizaram, Raul agüentou as dores como um herói, depois daquelas fatídica tarde, nunca mais recebera visita alguma, uma vez por semana, os enfermeiros trocavam os lençóis empastelados de fezes e urina e davam um banho rápido em seu corpo imenso de gordo, mas que agora começara a perder um pouco de peso devido a pouca alimentação que recebia, mesmo assim ainda era enorme.

Era quase um farrapo humano, com uma cadeira de rodas enferrujada e rangendo sem parar, Raul finalmente vê a luz do dia, sua pele é de um branco indescritível, suas roupas estão rasgadas, manchadas de urina e fezes, depois de todo esse tempo, nunca trocaram suas vestes, nunca recebera uma mensagem de apoio, nada, apenas a tristeza infindável das madrugadas sem sono que enfrentara.

Andava pela rua arrastando aquela cadeira de rodas sucateada com um esforço sobre-humano, não sabia se deveria voltar para casa, não sabia mais o que deveria fazer da vida, já não conseguia raciocinar direito, sua mente estava comprometida, sua alma envenenada.

Pode ver do outro lado da calçada o Seu Odair, o verdureiro, um velhinho muito querido na cidade, adorado por seu senso de humor, Raul faz um aceno para ele, mas Seu Odair vira a cara, apavorado.

Aquilo mexeu com Raul, mas ele continuou andando, percebia que as pessoas mudavam de calçada a medida em que ele se aproximava. Chegando numa pracinha, pode ouvir o comentário: “É ele, o assassino!” Raul ficou chocado com aquilo, a cidade inteira o conhecia, ele era o vilão, odiado por todos.

Finalmente encontra um velho conhecido, Vagnão, que conversava com uma menina do outro lado da praça. Raul grita, chamando-o:
- Vagnão! Vagnão! Sou eu! Voltei!
De longe, ele fingia que não ouvia, continuava a conversar com a garota, inocentemente, Raul se aproxima do amigo e diz:
- Vagnão! Não me reconhece mais? Sou eu, Raul!
O rapaz vira-se com ar de desprezo e diz:
- Raul, o assassino!
- O quê?
Vagnão continua:
- Lembra? Lembra o que eu falei? Lembra daquela noite? Mas você me ouviu? Não! Claro que não me ouviu! Tava muito preocupado em dirigir o carro novo do coitado do seu primo! Claro que não podia ouvir ninguém! Seu assassino! Você tem noção do que aconteceu? Tem?
As lágrimas brotam do rosto do pobre Raul:
- Desculpa...
A garota que conversava com Vagnão grita:
- Não tem desculpa, cara! Você matou! Você é um assassino!
- Eu... já pedi... desculpas...
- Cai fora daqui, cara! –

Vagnão empurra a cadeira de rodas de Raul, tentando afastá-lo, mas ela se quebra e o jovem cai naquele chão de cascalhos, ferindo todo seu corpo.
De bruços naquele solo, ele apenas chora, está indefeso, sozinho no mundo. Vagnão se afasta dele com nojo, o cheiro que exala não era dos mais agradáveis, uma mistura de urina, fezes e suor. Olha a cadeira e tenta usá-la, mas está inutilizada para sempre.

Só lhe resta arrastar-se pelo chão. Seu corpo se locomovia com uma dificuldade imensa, finalmente resolve tomar uma atitude drástica, iria para sua casa, afinal, eles eram seus pais, não seria possível que negariam ajuda para ele.

Com uma força sobre-humana, Raul rasteja até sua casa, sua barriga se tornou uma massa de sangue depois de tanto se esfregar nos pequenos cascalhos pontiagudos do chão, sua roupa se rasgou no meio do caminho, estava nu, suas peles balançavam como geléia a medida em que ele se arrastava, parecia um leitão pronto para o abate, aqueles que passavam por Raul se deliciavam em ver o assassino naquele estado de tamanho flagelo e o seguiam de longe, a media em que rastejava pelas ruas, mais e mais pessoas se juntavam a multidão que assistia aquele momento de desespero. Com muito esforço, ele ergue o braço e toca a campainha de sua casa.

Uma mulher estranha atende a porta, ela se espanta em ver aquele tamanho espetáculo em sua porta:
- O que é isso?
Raul olha para aquele rosto desconhecido e pergunta, exalando suas últimas forças:
- Saulo... Saulo e Vera... Não moram aqui?
A mulher, ainda impressionada com a cena, responde:
- Não. Sou nova nessa cidade. Eu me mudei prá essa casa faz um mês mais ou menos.
Arregala os olhos, imagina que se mudaram para não enfrentar tamanha vergonha em suas vidas, para não enfrentar os olhares inquisidores dos vizinhos, mesmo já sabendo que se mudaram, Raul ainda pergunta:
- Eles... se mudaram?
- Não... Eles se mataram!
O coração de Raul dispara:
- O quê?

Um morador que estava junto com a multidão que assistia a tudo e ouvia toda a conversa disse, furioso:
- Sim... Eles se mataram por sua causa, por vergonha de você! Seu tio morreu poucos dias depois de seu primo ter sido enterrado! Derrame! Você também o matou! Sua tia ficou louca, está internada. Seus pais... Eles não agüentaram mais andar pela rua e serem chamados de pais do assassino, tomaram veneno, foram encontrados mortos na cama!

Um outro velho que assistia a tudo grita:
- Você matou seus pais! Além de matar seu primo e seu tio e enlouquecer sua tia, você ainda matou seus pais!
Com a cabeça baixa, Raul vai rastejando pela rua, seu corpo nu mutilado, num estado deplorável, as lágrimas vertem sem parar de seu rosto sofrido, a multidão enfurecida segue em procissão atrás dele, aos berros, pode-se ouvir claramente:
- Assassino! Assassino!

¤

FIM

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Solidão (Curta-metragem)

"Dizem que a solidão enlouquece..." - O monólogo de um solitário personagem.
Argumento, fotografia, filmagens e edição: Ciro MacCord



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