Ainda sobre o caso Eloá (prometo que será o ultimo) reproduzo aqui um texto do redator da Colucci Propaganda.
Por Carlos Credie, redator da Colucci
Esse tal seqüestradorzinho com nome de sobrenome, Lindenberg - já vi escrito por aí com m antes do d -, devia ser estudado como a personificação de um evento social, e não como uma pessoa.
Porque um ser vivo que leva o título de pessoa não entra na casa de uma menina de 15 anos, mata essa menina, dá um tiro também na amiga da menina e coloca a camisa do São Paulo na janela.
Não necessariamente nessa ordem.
Mas antes que pensem besteira, não tenho nada contra o São Paulo, tenho contra a babaquice desse carinha mesmo.
Ouvi em alguma rádio de plantão (desculpem o pleonasmo) que o sujeito, antes de tudo, atirou no computador da menina.
Claro, assim ela não o trairia nem virtualmente. Vejam só, analisem. Era um apartamento da CDHU, bem simples, mas nele cabiam um computador, uma menina que gostava de hip hop americano e um seqüestrador que queria a mídia toda como platéia.
Ele avisou os amigos antes: 'Vocês vão ouvir falar de mim ainda nesta semana'.
Esse evento mostra, no mínimo, três lados de uma mesma moeda (neste caso, de 50 cents): o despreparo colossal da polícia, a aterrorizante precocidade das relações e o machismo possessivo e irracional de um jovem de 22 anos.
Desculpem o trocadilho a seguir, mas, se a situação tinha três lados, por que a polícia ficou de quatro? Vamos descobrir.
A questão é que o tal carinha com nome de sobrenome se achava no direito de fazer o que fez. O que dava essa sensação a ele? Só seu desequilíbrio e sua possível depressão? Não, claro que não. Ele estava defendendo uma honra imaginária, ferida por uma menina que não queria mais se relacionar com ele.
Aí nos debruçamos (sem trocadilho desta vez) sobre essa relação. Dizem que começaram a namorar há três anos. Ela então tinha 12. Ele, 19. Crianças. Mas que diabo aconteceu?
Não foi apenas um seqüestro, repito, foi o epicentro de uma série de fenômenos culturais, sociais e econômicos que ocorreu ali naquele apertamento.
A mídia, a internet, a polícia, o sexo, a dor-de-cotovelo, tudo virou o molho de uma macarronada social.
Durou uma semana, mas vem vindo há anos. Ninguém percebeu que fim teria esse filme? E o pior, é uma macarronada de filmes também. Um misto de Atração Fatal, O Preço de um Resgate e Loucademia de Polícia.
E tudo isso num cinema perto de você, sim, em Santo André.
Porque poderia ser lá na gringa, tem louco por todo lado, mas aqui o final foi diferente. Aqui o bicho pega. Aqui a polícia atrapalha. Aqui os erros são fatais. Aqui é o CDHU do mundo.
Quanto a camisa do São Paulo na Janela posso ajudá-lo:
ResponderExcluirEm meio as negociações;
Preocupado com a integridade física das garotas mantidas reféns em Santo André, o policial responsável pela negociação ligou para o Lindemberg:
- Alô, Lindemberg? Você está abusando das garotas aí dentro?
- Claro que não!
- Ok, mas para termos certeza de que você não abusou delas em nenhum momento, nós precisamos de uma prova.
E então, Lindemberg pendurou a camisa do São Paulo na janela...