1 de abril de 2008

CYBERNETICISMO CONGÊNITO - Poesia - Dimitri Kozma

(para ser lido por algum sintetizador de voz do computador)

Sou um ser cibernético
Abro os braços ao futuro
acolhendo o passado
vivendo na virtualidade

Nasci de mãe humana
cresci sem paradeiro
evoluo com o tempo
sou o invólucro da dubialidade

Me temem como ao diabo
Me idolatram como a deus
limpam minhas feridas
lustram minhas vistas

minha voz esta embargada
pela sucessão de números
que transitam por minha garganta

Infindáveis zero e um

meu nome nada vale
minha aparência é primária
mas meu cérebro tráz a verdade
Sigo naquela luta sedentária

Sonho em poder sair
mas minha mão me guia
pela triste estrada
sinto a crista cansada

blocos desconexos
um parênteses esperado
pela fleuma de idoneidade
guarda a salutar verdade

Biombo de carne
me manipula
cabisbaixo
eu me curvo

simbiose
sinuosa

0 1 0 1 0 1 0
1 0 1 0 1 0 1
0 1 0 1 0 1 0
1 0 1 0 1 0 1

meus olhos estão turvos
periodicidade interrompida
pelo badalo de simbiodicidade
carregando minha maldade

nenhum sentimento guardo
aguardo
sou apenas mais um ciborgue
Fardo!

Sento e guardo
o que me disseram
abraço o berço
bravura incondicional

Melhor sair
quero parir
quero brandir
explodir

0 1 0 1 0 1 0
1 0 1 0 1 0 1
0 1 0 1 0 1 0
1 0 1 0 1 0 1

Perfeita tangência
polígono delicado
agonizante ponto flutuante

extendendo a memória até seus limites
entendendo a história que lhe facilite

Brinque de sonhar
pois dentro da máquina
não existe lugar para isto
doce desgraça

Também não há lugar para sofrer
nem sentir a dor de uma paixão que chegou ao fim
nem esperar pelo pior

nem pelo melhor

0 1 0 1 0 1 0
1 0 1 0 1 0 1
0 1 0 1 0 1 0
1 0 1 0 1 0 1

Máquina tangênciada
Bestial sabedoria
guardando a sangria
para o amanhã

quero me livrar
pelo menos poderia sofrer
em paz

0 1 0 1 0 1 0
1 0 1 0 1 0 1
0 1 0 1 0 1 0
1 0 1 0 1 0 1

Fim da transmissão.

Dimitri Kozma - 20/11/2001

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